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04/06/2013

Eu também sinto calor

Veja bem, meu bem: alguma hora, você vai fazer uma opção e eu espero que ela seja a melhor pra você e para os seus.
Tem pessoas que escolhem viver em um mundo, onde peitos de fora, são considerados falta de civilidade, mesmo que o protesto seja em nome da defesa do nosso corpo, muitas vezes violentado, molestado, agredido. É um peito. É O MEU peito.
Tirar a roupa é um detalhe. É dizer que mesmo oprimida, tu tem a coragem, não só de mostrar os seios, mas de argumentar, de dizer que tua ideia não é chamar a atenção, virar sensação, se expôr a toa. Dizer que engolir choro não é mais fácil que tirar a blusa, mas que é o mais corriqueiro, porque a sociedade em que vivemos prefere o silêncio. Eu tenho mais medo de silêncio, que de crítica E TAMBÉM SINTO CALOR.
Somos várias de peito de fora do lado das que estão em silêncio, do lado das que estão gritando, do lado das que não tiram a blusa, do lado das mães, das lésbicas, das carecas, das negras, das desempregadas que levam a vida devagar pra não faltar amor, das já libertas, das ainda presas.
Eu sonho com um mundo onde os questionamentos não sejam mais: "mas, o que ele vai pensar?" Porque eu quero estar apaixonada por homens inteligentes, que não comparem um peito de fora a um corpo avulso. Amor é uma coisa deliciosa de sentir e se não é todo, não é necessário. Sabe aquilo de quem ama, ama todas as partes? Eu sonho ela "tenha peito", como eu.
Eu sonho com um mundo onde meu emprego seja mantido pelo meu trabalho, pela minha capacidade no desenvolvimento dele. E sonho, ah, eu sonho, que as pessoas sonhem. Se a gente pudesse balancear, para cada mulher de peito de fora, menos uma violência sexual, eu ia sair pelo meio da rua, pedindo por tudo o que há de mais sagrado, pra mais mulheres tirarem a roupa. Sonhando.
Quem tirou a foto foi a minha mãe. Conversando com ela, me vem: deixa eu fotografar? E eu sentei, com vergonha, claro. É minha intimidade. É muita coisa em jogo. É o resto da minha vida. MAS É MINHA LUTA. É MINHA DEFESA. E foi minha mãe, a mulher mais de luta que eu já conheci, quem fotografou. Hoje, quem mais me viu exposta, foi ela.
Te cuida seu machista. A América Latina vai ser toda feminista.

Copiei esse texto e foto da Bárbara Vasconcelos porque achei emocionante, corajoso e cheio de esperança.
Definitivamente combina com os nosso Devaneios =D




03/06/2013

Perfil padrão x Perfil subversivo

Perfil padrão: Eu sou Patrícia, tenho (quase) 39 anos, sou dentista, me especializei em Endodontia (tratamento de canal) e adoro minha profissão, trato meus pacientes da forma mais humanizada possível, porque detesto o estigma a Odontologia ainda carrega e faço de tudo para quebrar isso. Sou casada, monogâmica, heterossexual, fui batizada como Católica, e tenho dois filhos. Tenho um apartamento e tenho um Uno 1.0 que me leva pros cantos. Moro em Boa Viagem e tenho celular, mas sou pobre.





Perfil subversivo: Eu sou Patrícia, tenho 39 anos, sou militante feminista VADIA, daquelas ferrenhas. Apoio o poliamor, mesmo sendo monogâmica. Apoio o movimento negro, mesmo sendo branquela. Adoro ficar pelada e não enxergo a nudez como crime, mas como natural. Apoio o movimento LGBT, mesmo sendo hétero. Simpatizo demais com o candomblé, com o espiritismo e com o ateísmo, e não tenho nada contra religiões que pregam o AMOR como bem comum, desde que esse amor não exclua nenhum grupo. Portanto, sou contra religiões que oprimem outras opções de credo e que oprimem um gênero ou orientação sexual. Apoio o parto humanizado, meus dois filhos nasceram de parto normal e minha caçula nasceu em um LINDO parto domiciliar. Casei de novo. De novo. De novo. Detesto o corporativismo médico, apesar de ser da área de saúde, porque acho que ele tem prejudicado a saúde das pessoas de uma forma geral, porque eu acho que saúde não pode ter exclusivamente fins lucrativos. Sou anti-capitalista. Não uso absorvente menstrual (pergunte-me como). Não tenho TV em casa por opção. Apesar de ter um apartamento próprio (que é uma zona), apoio o grupo Direitos Urbanos e sou contra o Projeto Novo Recife, porque gostaria que meus filhos vivessem numa cidade mais humana. Quero muito morar em uma casinha na zona norte da cidade, com uma pracinha perto, para que meus filhos tenham mais espaço e uma infância mais ~infantil~, e ainda realizo esse projeto. Sou cicloativista e tenho Olga, minha bike que me dá muito mais prazer de ir pra a rua - coisa que eu adoro - do que meu carango. Adoro sexo, gozo fácil, dou na primeira vez (quando eu quero) e falo abertamente sobre o assunto, apesar de ser mulher. Falo palavrão pra caralho, apesar de ser mulher. O marido divide as tarefas domésticas e com meus filhos, apesar de ser homem. É um companheiraço. Danço até o chão, apesar de ser uma 'mãe de família', bebo cerveja pra cacete, como miúdo de galinha no Empório depois da farra e já cansei de subir em mesa de bar. Sou amostrada que só. E briguenta.




Gente. Chega disso tudo. É tão simples, porra. Por que algumas pessoas que me amam querem que eu priorize um perfil e esqueça o outro, se ambos significam EU? E olha o tamanho do meu EU subversivo, ele tem uma importância ENORME na minha vida. Não priorizá-lo junto com o outro seria matar metade de mim (ou mais da metade), de minha motivação para estar viva e saber que faço parte de uma rede que quer mudar o mundo. E olhe que tem muita coisa pra mudar nesse mundo. Não queiram roubar isso de mim, porque vocês não vão conseguir, além de não terem esse direito.






Postado pela Paty no Facebook e autorizado por ela a ser postado aqui <3




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