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06/02/2014

Andar com fé eu vou...

"Eu gostaria muito de ter o direito, eu também, de ser simples e muito fraca, de ser mulher... Hoje cedo (...) desejei ardentemente ser a garota que comunga na missa da manhã e tem uma certeza serena... No entanto, não quero acreditar: um ato de fé é o ato mais desesperado que existe e quero que meu desespero pelo menos conserve sua lucidez. Não quero mentir para mim mesma." Simone de Beauvoir

Eu tenho quase 30... mas sou uma mente pensante muito, muito jovem. Percebi recentemente muitas coisas... É aterrorizante, sometimes.
Principalmente porque ter uma vida personalizada é muito difícil, desafiador e, sobretudo doloroso. Identificar as amarras que te prendem gera, muitas vezes, grande espanto... Se livrar delas? Muito suor, sangue e lágrimas (pra algumas, noites sem dormir, não é meu caso).

Então eu poderia estar em algum lugar seguro. Eu tinha tudo pra ter a vida padronizada daquelas boas: teria um homem cuidando de mim, provavelmente teria filhos, seria uma mulher invejável.  E em nenhum momento eu estou dizendo que casar, ter filhos e uma casa pra decorar seja menos valioso ou ruim... Tudo, desde que seja uma escolha de olhos abertos,  pode ser uma escolha feliz... o que no meu caso, não seria.

Tenho sorte, muita sorte. Por isso não consigo ser ateia... Além de necessitar de conforto cósmico eu tenho provas de que a sorte existe e anda comigo.

Eis que atraio gente incrível e ainda que uma voz bem lá no fundo, e ainda bem, cada vez mais distante, viva a repetir que eu não posso, que não é pra mim, que não adianta acreditar, que é tarde demais... Existe outra voz  nascendo de dentro de mim, fruto de tanto ouvir vozes externas me dizendo que eu posso, que sou incrível, que acreditam em mim, que se orgulham do meu crescimento, que queriam ser em algum aspecto mais parecidas comigo...


Às vezes dá sim vontade de se esconder... Esse trecho da Simone de Beauvoir logo no começo do texto li faz anos... Tocou-me de um jeito muito forte... E eu nem sabia quem diabos era ela, o que era feminismo, mas sabia que eu não queria nada daquilo para onde a maré tava me levando.

Aí deu de começar a remar contra essa maré... Sem braços minimamente preparados, mas com uma vontade maior que a fraqueza dos meus músculos despreparados.

Fé lúcida... Será possível? É o que venho tentando. Acreditar que podemos mudar, nos mudar, mudar o mundo. Mas fazer de olhos abertos, sabendo que quanto mais abertos eles ficam mais vemos a crueldade, a doença, os preconceitos... O cheiro da imundice dos corações preconceituosos não nos deixa esquecer... Assim como nossos olhos abertos nos mostram a força, o poder da amizade, solidariedade, e de tudo isso que passamos a entender que é amor, sororidade, confiança...

Tem dias que eu acordo com vontade de chorar, mas a amiga tá ali na frente, com a “pechêra”entre os dentes me deixando descansar... e a gente vai revezando como aqueles gansos que voam em forma de V (V de vadia?) facilitando nosso voo...

Tem dias que a gente acorda com a vibe de “Tá foda” que sempre será compensada com a vibe “Botamos pra fuder”.



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