"Eu gostaria muito de
ter o direito, eu também, de ser simples e muito fraca, de ser mulher... Hoje
cedo (...) desejei ardentemente ser a garota que comunga na missa da manhã e
tem uma certeza serena... No entanto, não quero acreditar: um ato de fé é o ato
mais desesperado que existe e quero que meu desespero pelo menos conserve sua
lucidez. Não quero mentir para mim mesma." Simone de Beauvoir
Eu tenho quase 30... mas sou uma mente pensante muito, muito jovem. Percebi recentemente muitas coisas... É aterrorizante, sometimes.
Eu tenho quase 30... mas sou uma mente pensante muito, muito jovem. Percebi recentemente muitas coisas... É aterrorizante, sometimes.
Principalmente porque ter uma vida personalizada é muito
difícil, desafiador e, sobretudo doloroso. Identificar as amarras que te
prendem gera, muitas vezes, grande espanto... Se livrar delas? Muito suor,
sangue e lágrimas (pra algumas, noites sem dormir, não é meu caso).
Então eu poderia estar em algum lugar seguro. Eu tinha tudo
pra ter a vida padronizada daquelas boas: teria um homem cuidando de mim, provavelmente
teria filhos, seria uma mulher invejável. E em nenhum momento eu estou dizendo que
casar, ter filhos e uma casa pra decorar seja menos valioso ou ruim... Tudo,
desde que seja uma escolha de olhos abertos, pode ser uma escolha feliz... o que no meu caso,
não seria.
Tenho sorte, muita sorte. Por isso não consigo ser ateia... Além de necessitar de conforto cósmico eu tenho provas de que a sorte existe e anda comigo.
Eis que atraio gente incrível e ainda que uma voz bem lá no fundo, e ainda bem, cada vez mais distante, viva a repetir que eu não posso, que não é pra mim, que não adianta acreditar, que é tarde demais... Existe outra voz nascendo de dentro de mim, fruto de tanto ouvir vozes externas me dizendo que eu posso, que sou incrível, que acreditam em mim, que se orgulham do meu crescimento, que queriam ser em algum aspecto mais parecidas comigo...
Tenho sorte, muita sorte. Por isso não consigo ser ateia... Além de necessitar de conforto cósmico eu tenho provas de que a sorte existe e anda comigo.
Eis que atraio gente incrível e ainda que uma voz bem lá no fundo, e ainda bem, cada vez mais distante, viva a repetir que eu não posso, que não é pra mim, que não adianta acreditar, que é tarde demais... Existe outra voz nascendo de dentro de mim, fruto de tanto ouvir vozes externas me dizendo que eu posso, que sou incrível, que acreditam em mim, que se orgulham do meu crescimento, que queriam ser em algum aspecto mais parecidas comigo...
Às vezes dá sim vontade de se esconder... Esse trecho da
Simone de Beauvoir logo no começo do texto li faz anos... Tocou-me de um jeito
muito forte... E eu nem sabia quem diabos era ela, o que era feminismo, mas
sabia que eu não queria nada daquilo para onde a maré tava me levando.
Aí deu de começar a remar contra essa maré... Sem braços minimamente preparados, mas com uma vontade maior que a fraqueza dos meus músculos despreparados.
Fé lúcida... Será possível? É o que venho tentando. Acreditar que podemos mudar, nos mudar, mudar o mundo. Mas fazer de olhos abertos, sabendo que quanto mais abertos eles ficam mais vemos a crueldade, a doença, os preconceitos... O cheiro da imundice dos corações preconceituosos não nos deixa esquecer... Assim como nossos olhos abertos nos mostram a força, o poder da amizade, solidariedade, e de tudo isso que passamos a entender que é amor, sororidade, confiança...
Tem dias que eu acordo com vontade de chorar, mas a amiga tá ali na frente, com a “pechêra”entre os dentes me deixando descansar... e a gente vai revezando como aqueles gansos que voam em forma de V (V de vadia?) facilitando nosso voo...
Tem dias que a gente acorda com a vibe de “Tá foda” que sempre será compensada com a vibe “Botamos pra fuder”.
Aí deu de começar a remar contra essa maré... Sem braços minimamente preparados, mas com uma vontade maior que a fraqueza dos meus músculos despreparados.
Fé lúcida... Será possível? É o que venho tentando. Acreditar que podemos mudar, nos mudar, mudar o mundo. Mas fazer de olhos abertos, sabendo que quanto mais abertos eles ficam mais vemos a crueldade, a doença, os preconceitos... O cheiro da imundice dos corações preconceituosos não nos deixa esquecer... Assim como nossos olhos abertos nos mostram a força, o poder da amizade, solidariedade, e de tudo isso que passamos a entender que é amor, sororidade, confiança...
Tem dias que eu acordo com vontade de chorar, mas a amiga tá ali na frente, com a “pechêra”entre os dentes me deixando descansar... e a gente vai revezando como aqueles gansos que voam em forma de V (V de vadia?) facilitando nosso voo...
Tem dias que a gente acorda com a vibe de “Tá foda” que sempre será compensada com a vibe “Botamos pra fuder”.
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