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03/06/2013

Perfil padrão x Perfil subversivo

Perfil padrão: Eu sou Patrícia, tenho (quase) 39 anos, sou dentista, me especializei em Endodontia (tratamento de canal) e adoro minha profissão, trato meus pacientes da forma mais humanizada possível, porque detesto o estigma a Odontologia ainda carrega e faço de tudo para quebrar isso. Sou casada, monogâmica, heterossexual, fui batizada como Católica, e tenho dois filhos. Tenho um apartamento e tenho um Uno 1.0 que me leva pros cantos. Moro em Boa Viagem e tenho celular, mas sou pobre.





Perfil subversivo: Eu sou Patrícia, tenho 39 anos, sou militante feminista VADIA, daquelas ferrenhas. Apoio o poliamor, mesmo sendo monogâmica. Apoio o movimento negro, mesmo sendo branquela. Adoro ficar pelada e não enxergo a nudez como crime, mas como natural. Apoio o movimento LGBT, mesmo sendo hétero. Simpatizo demais com o candomblé, com o espiritismo e com o ateísmo, e não tenho nada contra religiões que pregam o AMOR como bem comum, desde que esse amor não exclua nenhum grupo. Portanto, sou contra religiões que oprimem outras opções de credo e que oprimem um gênero ou orientação sexual. Apoio o parto humanizado, meus dois filhos nasceram de parto normal e minha caçula nasceu em um LINDO parto domiciliar. Casei de novo. De novo. De novo. Detesto o corporativismo médico, apesar de ser da área de saúde, porque acho que ele tem prejudicado a saúde das pessoas de uma forma geral, porque eu acho que saúde não pode ter exclusivamente fins lucrativos. Sou anti-capitalista. Não uso absorvente menstrual (pergunte-me como). Não tenho TV em casa por opção. Apesar de ter um apartamento próprio (que é uma zona), apoio o grupo Direitos Urbanos e sou contra o Projeto Novo Recife, porque gostaria que meus filhos vivessem numa cidade mais humana. Quero muito morar em uma casinha na zona norte da cidade, com uma pracinha perto, para que meus filhos tenham mais espaço e uma infância mais ~infantil~, e ainda realizo esse projeto. Sou cicloativista e tenho Olga, minha bike que me dá muito mais prazer de ir pra a rua - coisa que eu adoro - do que meu carango. Adoro sexo, gozo fácil, dou na primeira vez (quando eu quero) e falo abertamente sobre o assunto, apesar de ser mulher. Falo palavrão pra caralho, apesar de ser mulher. O marido divide as tarefas domésticas e com meus filhos, apesar de ser homem. É um companheiraço. Danço até o chão, apesar de ser uma 'mãe de família', bebo cerveja pra cacete, como miúdo de galinha no Empório depois da farra e já cansei de subir em mesa de bar. Sou amostrada que só. E briguenta.




Gente. Chega disso tudo. É tão simples, porra. Por que algumas pessoas que me amam querem que eu priorize um perfil e esqueça o outro, se ambos significam EU? E olha o tamanho do meu EU subversivo, ele tem uma importância ENORME na minha vida. Não priorizá-lo junto com o outro seria matar metade de mim (ou mais da metade), de minha motivação para estar viva e saber que faço parte de uma rede que quer mudar o mundo. E olhe que tem muita coisa pra mudar nesse mundo. Não queiram roubar isso de mim, porque vocês não vão conseguir, além de não terem esse direito.






Postado pela Paty no Facebook e autorizado por ela a ser postado aqui <3




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